29 setembro, 2004

Breakfast at Tiffanys

Faz pouco tempo que entendi a sensação de Holly, personagem de Audrey Hepburn em Breakfast at Tiffanys. Para ela, na joalheria, as coisas eram perfeitas, inabaláveis, nice and calm. Nada de ruim poderia acontecer dentro dela. A cena de abertura do filme expressa este sentimento. Além da cena ser linda, imagine: 5th Avenue às 6:00hrs da manhã, vazia, Audrey com seus grandes óculos, chiquérrima, vestido preto, suspirando em frente a vitrine da joalheria tomando café e comendo croissant. Linda a abertura!!! Mas além de todos os elementos estéticos desta cena, existe um significado maior nessa admiração a famosa Tiffanys. Não se trata apenas das jóias, mas do conceito da loja e da sensação de segurança que ela transmite. E essa imagem é explorada até hoje por todas as marcas.
Sinto isso quando entro em algumas lojas. Tudo é estrategicamente pensado: o cheiro, a embalagem, a música, a temperatura, os produtos,... Nas minhas andaças e na correria de produzir, acabo conhecendo as mais diferentes lojas. Em muitas delas, acabo entrando em uma viagem. Tudo é organizado, a música é agradável, pode-se tomar um cafezinho, ver os produtos organizados em displays que o valorizam... tudo isso acaba impulsionando o consumo. E acreditem. Eu que achava que estava vacinada contra isso, pois de tanto ver diversas coisas perdi uma certa habilidade de me impressionar, acabo caindo na minha própria armadilha: o consumo.
É como aquela maleta de madeira da Caran dache que tem todas as cores imagináveis de lápis aquarelados. A gente acha que precisa ter. Lembro muito bem enquanto comprava madeira balsa na Maria Antônia para maquetes... havia uma loja que tinha esta maleta na vitrine. Sempre parava pra dar uma namoradinha. Que atire a primeira pedra que não desejou ter uma delas.
Bem... voltando a idéia das lojas, elas são organizadas de uma forma tal que você acaba se identificando, ou pelo menos, acaba se acostumando com a idéia dela. Acaba se deixando levar,... Parece fútil, mas isso atinge todas as pessoas tenha elas senso crítico ou não. Não dá pra negar que todos consomem e na maioria das vezes consumimos o que não é essencial. E isso não é pejorativo.

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